Reforma da Previdência tem apoio da oposição e resistência do PT
22 fev 2016
Do JC online:
Parece contraditório, mas a oposição começou o ano demonstrando mais disposição em apoiar a reforma da Previdência, um dos principais temas defendidos pela presidente Dilma Rousseff (PT), do que o próprio PT e os sindicatos que trabalharam para elegê-la em 2014. O Diretório Nacional do PT estuda emitir uma resolução pedindo aos parlamentares que votem contra a proposta.
“Ninguém vai mexer em direitos garantidos do trabalhador. Essa história do PT ficar criando dificuldade. O PT precisa decidir se é governo ou não. Não dá para fazer demagogia”, se queixa o deputado Silvio Costa (PTdoB), vice-líder do governo na Câmara, que está empenhado na aprovação da proposta.
Na última semana, o senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB, sinalizou que os tucanos podem ajudar a aprovar as mudanças na Previdência desde que a proposta tenha o engajamento do PT, que tem sinalizado não ser o momento de discutir a reforma. Na Câmara, os líderes do PSDB, Antônio Imbassahy (BA), e do DEM, Pauderney Avelino (AM), têm mantido conversas com o governo sobre o tema, sempre condicionando o apoio da oposição ao engajamento do PT.
Os petistas, porém, não são os únicos reticentes. Presidente nacional do PCdoB, a deputada Luciana Santos afirma em entrevista ao JC deste domingo (21) que a legenda é contra a discussão da reforma da Previdência. A fala é sintomática porque os comunistas têm sido os mais fieis à presidente Dilma nas votações do Congresso.
“O PSDB e a oposição têm muito mais senso de responsabilidade com o País do que o Partido dos Trabalhadores. O PT quer fazer média o tempo todo com a opinião pública. Para eles, é uma dificuldade muito grande em abandonar bandeiras demagógicas que eles acreditam, do que mudar o País”, critica o deputado Betinho Gomes (PSDB).
O Ministério da Previdência criou um grupo de trabalho para debater sete temas que vão subsidiar a reforma, como a diferença de regras entre homens e mulheres e a previdência rural. O Planalto espera que até 30 de abril a proposta final seja enviada para o Congresso e vai trabalhar para que ela passe na Câmara ainda no primeiro semestre, para evitar que o tema seja atropelado pelas eleições.